sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Do movimento homossexual ao LGBT


“Paradas, visibilidade social, presença no debate público, iniciativas legais e políticas não surgiram da noite para o dia. A crítica à visão depreciativa das homossexualidades começou a ganhar espaço no país desde o final dos anos 1970, no embalo do grande movimento de oposição à ditadura militar, e prosseguiu durante o processo de redemocratização. Grupos de militância homossexual trouxeram à cena pública o anseio de que toda forma de amor e desejo pudesse ser vivida com dignidade e exaltada sem restrições. Essa disposição de luta sofreria o baque da eclosão da epidemia do HIV-Aids. Ao invés de esmorecer sob condições adversas, porém, o ativismo se revitalizou e floresceu. A flama libertária e antiautoritária da primeira militância deu lugar a múltiplas iniciativas, tanto de enfrentamento da epidemia quanto de extensão da agenda de direitos civis, impulsionadas pelo novo arcabouço legal montado a partir da Constituição de 1988 e pela construção de novas parcerias com o poder público, bem como com redes ativistas globais, agências multilaterais e pactos internacionais de direitos humanos.

Assim, o movimento homossexual anterior se transformou no multifacetado movimento atual de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, sob a emblemática bandeira do arco-íris.”

(FACCHINI, Regina. SIMÕES, Julio. Na Trilha do Arco-iris: Do movimento homossexual ao LGBT. São Paulo: Perseu Abramo, 2000, pags. 22 e 23.)