“Paradas,
visibilidade social, presença no debate público, iniciativas legais e políticas
não surgiram da noite para o dia. A crítica à visão depreciativa das
homossexualidades começou a ganhar espaço no país desde o final dos anos 1970,
no embalo do grande movimento de oposição à ditadura militar, e prosseguiu
durante o processo de redemocratização. Grupos de militância homossexual
trouxeram à cena pública o anseio de que toda forma de amor e desejo pudesse
ser vivida com dignidade e exaltada sem restrições. Essa disposição de luta
sofreria o baque da eclosão da epidemia do HIV-Aids. Ao invés de esmorecer sob
condições adversas, porém, o ativismo se revitalizou e floresceu. A flama
libertária e antiautoritária da primeira militância deu lugar a múltiplas iniciativas,
tanto de enfrentamento da epidemia quanto de extensão da agenda de direitos
civis, impulsionadas pelo novo arcabouço legal montado a partir da Constituição
de 1988 e pela construção de novas parcerias com o poder público, bem como com
redes ativistas globais, agências multilaterais e pactos internacionais de
direitos humanos.
Assim,
o movimento homossexual anterior se transformou no multifacetado movimento
atual de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, sob a emblemática
bandeira do arco-íris.”
(FACCHINI, Regina. SIMÕES,
Julio. Na Trilha do Arco-iris: Do
movimento homossexual ao LGBT. São Paulo: Perseu Abramo, 2000, pags. 22 e
23.)